SÓ UM TIQUINHO DE CAFÉ

SÓ UM TIQUINHO DE CAFÉ 

Sabe aquela paixão que vira amor? É assim a nossa relação com o café. Você nem percebe em que momento isso acontece. E, quando menos espera, ele já faz parte da sua vida. Essa bebida que nos dá disposição, que é indispensável nos encontros com os amigos e ótima companhia nos momentos daquela boa solidão. As origens determinam os aromas e sabores, que são mais de 100, incluindo os frutados, florais e amendoados. Quanto mais complexa e exótica for a combinação dos atributos, mais valorizado será o café. 

De obra do diabo a bebida cristã no final do século XVI, o café também passou de vilão a mocinho nas últimas décadas. Atualmente, é considerado um alimento funcional com propriedades nutracêuticas.

 O consumo moderado de café, de 3 a 4 xícaras por dia, pode prevenir depressão, reduzir risco de alguns tipos de câncer, diabetes, Parkinson, Alzheimer, asma, cálculos renais e obesidade, entre outras doenças. Além disso, é um importante aliado para aumentar o desempenho em exercícios físicos, concentração e capacidade de aprendizado. Tudo comprovado cientificamente. 

Para as mulheres, uma ótima notícia: chega de gastar uma fortuna em cremes anti-idade. Beba um espresso. Beba vários! Este tipo de bebida está entre os alimentos com maior capacidade antioxidante, retardando o envelhecimento celular. Quer saber mais um benefício? Assim como o sexo, aquele cheiro bom do café atua em regiões do cérebro ricas em dopamina, responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar. Entendeu porque aquele “HUMMM!!!” sai involuntariamente? 

Mas nem todo café é bom e faz bem. O Brasil é o principal produtor mundial do grão, é também o segundo maior consumidor. Mas, estima-se que apenas 2,6% dos cafés consumidos no país são considerados especiais. É comprovado que a possibilidade de ocorrência de substâncias contaminantes é mais elevada em cafés de baixa qualidade. Como é o caso da ocratoxina, uma micotoxina que está associada à ocorrência de câncer. 

E como escolher um bom café? Infelizmente, não existe no país uma legislação que defina o padrão de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade para café torrado e moído e torrado em grão. Por este motivo, o que vem escrito nos rótulos pode não ser verdadeiro, e não há o que fazer. Então, uma dica importante é optar por cafés com torra média, pois este tipo de torra ressalta os atributos positivos dos bons cafés, enquanto que torras forte e extraforte ajudam a mascarar o gosto ruim de cafés de baixa qualidade. Sempre nos venderam a ideia de que cafés com torra forte ou extraforte são os bons e que, inclusive, que rendem mais. Na verdade, essa é a melhor estratégia de venda dos cafés ruins. 

Eu passaria horas, dias, semanas, meses e anos escrevendo sobre essa bebida que me envolve do campo à xícara. Mas hoje foi só um tiquinho. Preciso dar uma pausa no texto, pois ainda tenho muito que aprender, muito a experimentar. O café é um mundo incrível a ser desvendado. E isso me fascina! 

Patricia Santoro, pesquisadora em cafeicultura no Instituto Agronômico do Paraná. 

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